Declaração: Este artigo fala de desempenho de empresas na bolsa de valores para fins de estudo, não se configurando em nenhuma recomendação formal de investimento nestas. A decisão de investimento em determinada empresa e seus consequentes resultados é de total responsabilidade do leitor.
Montar Uma Carteira De Ações – Introdução
Poucas pessoas no mercado financeiro atingem o status de “lenda”. Peter Lynch é uma delas. Como gerente de portfólio do Fundo Fidelity Magellan ele conseguiu aumentar o patrimônio do mesmo de US$ 18 milhões em 1977 para extraordinários US$ 14 bilhões em 1990 (Fonte). Uma média de 29% ao ano!
Uma pessoa que tivesse investido 1000 dólares em seu fundo em 1977 sairia dele com 777.000 dólares em 1990. Nada mau.
Você pode estar se perguntando “Será que não foi um simples período de alta?” , bem, o evento mais notório desta época foi o “crash” de wall street em 1987 onde o principal índice Dow Jones perdeu 22,6% de seu valor (Fonte). Mesmo assim o resultado do fundo foi formidável.
Falando em quedas, após anos acompanhando a bolsa de valores, uma coisa eu pude perceber algo muito interessante. A bolsa geralmente cai rapidamente espalhando pânico pelos mercados e investidores. Foi o que aconteceu nos anos de 2008 e no final do ano de 2015/início de 2016.
No sentido inverso, a bolsa sobe “silenciosamente”. Sem muito alarde, o índice voltou para a casa dos 60 mil pontos.
Peter Lynch fala muito sobre esse comportamento das bolsas de valores e muitos outros assuntos que “fogem” do cotidiano normal das análises técnica e fundamentalista que estamos acostumados.
Peter Lynch se tornou um notório “Stock Picker” (escolhedor de boas ações). Diversas ações escolhidas para seu fundo Magellan tiveram valorizações expressivas de mais de 10 vezes o valor de compra corroborando para o extraordinário resultado do fundo no período de 1977 a 1990.
Então se você está interessado em saber mais sobre este fantástico investidor fique comigo, e aproveite este momento para compartilhar este artigo com sua família e amigos através das redes sociais Facebook, Twitter, Google Plus ou Linkedin.
Montar Uma Carteira De Ações #1 – Desenvolva a capacidade de “escolher” boas empresas
Muitas boas empresas estão presentes no seu cotidiano, na análise de acumulação de ações que fiz da Marcopolo mostro um exemplo disso.
No exato momento que escrevo este artigo olho para o notebook e vejo que é um da Apple (empresa listada na bolsa americana) e vejo ao meu lado uma geladeira da Brastemp (sua dona a Whirpool está listada na bolsa americana também).
É claro que há empresas que estão no seu cotidiano que não são boas escolhas. Talvez o caso mais interessante é o da Mundial. A empresa que se tornou famosa pelos seus ótimos cortadores de unha tem um desempenho sofrível amargando prejuízos atrás de prejuízos.
A escolha de boas empresas envolve uma combinação de uma análise subjetiva e objetiva (cartesiana). A primeira consiste em ver como a empresa está se comportando no cotidiano (o que estão falando dela? Os clientes estão satisfeitos? O produto dela tem futuro? Etc…) enquanto a segunda envolve analisar os números da empresa (Análise Fundamentalista).
Um investidor atento teria percebido os constantes prejuízos entregues pela Mundial e, apesar dos ótimos alicates e cortadores de unha, não teria investido na empresa.
Por outro lado, o mesmo investidor que estava no transito e viu um ônibus da Marcopolo, ao olhar os números da empresa, viu que, mesmo com a crise, a mesma se manteve com lucro e outros indicadores fundamentalistas positivos.
O investidor também perceberia que as ações estavam “baratas” no início deste ano. O resultado? As ações da Marcopolo subiram mais que o índice Ibovespa em 2016.
O método de investimento em valor não é perfeito (isso significa que haverão algumas perdas), mas, através dele, o investidor pode encontrar verdadeiros “tesouros” no mercado.
Montar Uma Carteira De Ações #2 – Tenha confiança, seu resultado pode bater o dos melhores analistas e fundos
Neste artigo, falei um pouco sobre a estrutura dos fundos de investimento, vencer o mercado é um desafio contante para um fundo de investimento.
Muitos investidores acreditam que não tem como “competir” com um fundo de investimentos, e talvez esse seja uma das maiores crenças limitantes do investidor iniciante. Assim ele sucumbe e acaba investindo num fundo de ações pagando altas taxas de administração.
No recente artigo que escrevi sobre fundos de investimento discorri sobre a dificuldade de gerencial algo “grande”. Conseguir performar com R$ 100.000,00 de patrimônio é bem mais simples do que com R$ 1 milhão, fora o fato de que a maioria dos fundos estão com as mãos “presas”, ou seja, não podem investir em empresas que, por exemplo, estejam fora de determinado índice (como o próprio Ibovespa ou o IBRX-100).
Assim sendo, as chances da sua carteira pessoal de investimentos performar melhor do que muitos fundos de investimento é muito boa.
Montar Uma Carteira De Ações #3 – A empresa não precisa ser a “queridinha” do mercado para você investir nela.
Talvez aqui seja uma das regras mais valiosas de Peter Lynch.
Não espere a empresa virar a “queridinha” do mercado para investir nela.
O que exatamente significa virar a “queridinha” do mercado? É quando a empresa mostra um desempenho formidável e os bancos de investimento e outros players do mercado começam a colocar seus analistas para debruçarem sobre seus números.
Nessa hora, além da subida dos preços, o volume de negociação sobe consideravelmente. A empresa começa a fazer parte dos principais índices do mercado e os grandes fundos de investimento “podem” colocá-la em suas carteiras.
Se a empresa continuar performando bem isso se refletirá no preço de suas ações, no entanto, nada se compara ao formidável crescimento que você teria experimentado ao comprar a mesma no “começo da carreira”.
A empresa do ramo de educação Kroton é um bom exemplo, após alguns anos de instabilidade, ela começou a mostrar indicadores fundamentalistas sólidos em 2012. Nessa época ela o volume de negociação era baixo e a empresa ainda não estava no índice Ibovespa.
Com o tempo ela teve um formidável crescimento e suas ações entraram no radar dos analistas do mercado o que turbinou ainda mais o seu crescimento. Neste artigo falo um pouco mais sobre a Kroton.
Ainda que, recentemente, ela nos ofereceu uma ótima oportunidade de investimento devido a crise (e a consequente queda do índice Ibovespa e de todas as suas ações), nada se comprara, em termos de resultado, a um investimento que tenha sido feito nessa empresa no ano de 2012.
O “timing” de entrada nos leva a próxima dica, que não é uma dica, mas um fato que devemos observar para nossa tomada de decisão.
Montar Uma Carteira De Ações #4 – Você pode investir numa empresa boa e ter prejuízo se entrar no momento errado
Uma vez que a empresa “está na moda”, o mundo inteiro vai recomendar compra. É capaz de você ouvir a sua tia, num almoço de família, falar para você: “Sobrinho, você que gosta de ações, eu vi na TV que aquela ação vai subir muito”.
A empresa pode ser, de fato, boa, mas seus preços podem ter subido demais, além do racional. Lembre-se que o mercado é composto de investidores e especuladores e os motivos da “compra” de uma ação por distintos participantes do mercado pode ser inúmeros. Isso chamamos de assimetria de informação (falo um pouco disso neste artigo).
É importante observar os números da empresa para ver se ainda vale a pena o investimento. Os preços, no curto prazo, constantemente tendem a se afastar do valor da empresa (tanto para cima quanto para baixo), mas a tendência é que, no longo prazo, eles voltem a refletir o valor da mesma.
Se você investir numa empresa boa no momento errado, não significa que terá prejuízo, mas poderá levar um bom tempo para recuperá-lo.
Nesta hora ficamos tentados a assumir esse prejuízo vendendo a posição perdedora, o investidor deve sempre pensar para a frente e ver se há melhores possibilidades para o futuro.
Exemplo: Supondo o investimento de R$ 10.000,00 numa empresa que tem bons números, mas sua ação estava “cara”. Este fato levou a uma correção do mercado e, agora, o investimento vale R$ 8.000,00.
A empresa mostrou boa performance e, neste patamar, a empresa está “barata” com um potencial de recuperar essa perda.
Um investidor “afoito” poderia vender a posição e aplicar no Tesouro SELIC a fim de recuperar o investimento perdido. Seis meses depois observa que os preços das ações desta empresa voltaram ao valor original.
Este exemplo fictício não é tão “fictício” assim, acontece com muita gente.
Montar Uma Carteira De Ações #5 – Compre ações com o carinho que você compra uma casa
Lynch aborda um tema bastante interessante e polêmico aqui. Ele recomenda que você tenha uma casa antes de investir em ações.
De todas as discussões das quais fui testemunha nenhuma acirra tanto os ânimos quanto essa.
Muito educadores financeiros condenam essa abordagem, seja porque irá contrair um financiamento imobiliário, seja porque a compra de um imóvel significa estar “preso” (especialmente se for financiado) atrapalhando possíveis oportunidades profissionais.
Já os que defendem a compra do imóvel alegam que o mesmo gera uma valorização no longo prazo protegendo esta parte de seu patrimônio. Alegam que um investimento total em renda-fixa ou variável não gera esta proteção. Essa ideia é refutada pelos primeiros que alegam que um imóvel, para valorizar, deverá ter uma boa manutenção além de ter uma localização promissora, além disso, há investimentos como o Tesouro IPCA que nos protegem da inflação.
Os argumentos utilizados pelos dois lados são válidos e respeito tais opiniões.
A minha opinião pessoal é que você deve ter pelo menos uma casa, mas isso não significa que deva se endividar para isso. Eu recomendo que se tenha no mínimo 60% do valor do imóvel para dar de entrada, ou seja, não recomendo que se financie mais do que 40% do imóvel. Qualquer número acima torna a operação, no meu modo de ver, bastante arriscada.
Se você é jovem e viaja muito talvez não seja o momento ainda de ter sua casa. Uma opção, neste caso, é ter fundos imobiliários em sua carteira.
Voltando a falar do Peter Lynch, o mesmo, ao justificar a compra de um imóvel antes de investir em ações desenvolve um argumento, no mínimo, interessante.
É impressionante como tomamos diversos cuidados para comprar uma casa.
Você estuda o preço, localização, posição do sol, estado do imóvel, penhoras, capacidade de pagamento, financiamento, etc… antes de efetuar a compra. São pequenos detalhes (você pode ver neste livro) que fazem a diferença.
Suponha que, após você comprar o seu imóvel, acontece um fato desagradável como uma obra que está causando transtornos momentâneos a sua rotina.
Você não irá vender o seu imóvel por causa disso. Provavelmente irá observar e se novos incidentes desagradáveis surgirem no futuro você poderá considerar a venda.
Percebo que com ações a grande maioria das pessoas não têm o mesmo cuidado. Simplesmente vão lá e compram baseado na recomendação de algum analista ou amigo “conhecedor”.
Ao contrário de um imóvel, não se toma o tempo para conhecer a empresa, ver se é lucrativa, se suas margens são boas, se a dívida está adequada, se o preço está baixo, etc…
Na venda, a mesma coisa, a maioria dos investidores amadores vendem suas ações na primeira queda sem fazer uma análise mais profunda. Os lucros da empresa caíram? A dívida aumentou? Entraram novos competidores e a empresa não está preparada para isso?
Às vezes a empresa está mais lucrativa e competitiva do que nunca, mas seus preços caem porque existe uma expectativa de aumento dos juros dos Estados Unidos ou porque foi eleito um novo presidente, ou porque houve um tsunami no Japão, etc…
Peter Lynch argumenta que quem já comprou uma casa tem mais facilidade em desenvolver essa sensibilidade na hora de investir.
Finalmente, se eu puder humildemente resumir num parágrafo o que você deve fazer para comprar e vender ações falaria o seguinte:
Você deve comprar uma ação por um conjunto de motivos embasados por um método que você estudou e desenvolveu e deve vendê-la quando ela não atende mais ao seu método. Você deve continuar estudando, avaliando e aprimorando o seu método.
Montar Uma Carteira De Ações #6 – Você está preparado para investir em ações?
Outro dia, em nosso canal do youtube foi feita a seguinte pergunta em relação a uma vídeo de uma entrevista que fiz com o André Fogaça do Guiainvest.
Olá, vocês citaram o Sr. Luis Barsi Filho, como um exemplo de investidor, mas, sabemos que ele é formado em economia e advogado e trabalhou a vida inteira na área, será que quem não tem formação e é leiga no assunto conseguirá se instruir através de cursos e investir bem no futuro?
Eu respondi que competências mais humanas(inteligência emocional) são muito mais importantes para o investidor do que as competências técnicas necessárias. Pois bem, Peter Lynch corrobora com o meu comentário citando algumas competências que todo o investidor em ações deve ter.
- Paciência: Existe a hora certa de investir e usar o fruto de seu investimento.
- Auto-suficiência: Acreditar que você pode sim ser um bom investidor.
- Senso Comum: As vezes as coisas estão expostas de uma forma clara em nossa frente, mas, por algum, motivo não tomamos a ação correta.
- Capacidade de suportar dores e quedas.
- Mente aberta: Entrar num “mundo” diferente do que você está acostumado vai exigir isso.
- Desapego: Às vezes você se “apaixona” por uma ação e não quer se desfazer dela mesmo com todos os sinais mostrando isso.
- Persistência: Todos os investidores de sucesso tiveram seus obstáculos e provações, todos eles nunca desistiram. (P.S: Não confunda a persistência de nunca desistir de ser um bom investidor com a “persistência” em se manter numa posição perdedora mesmo quando todos os sinais indicam a saída o que configura “apego” ou “teimosia”).
- Humildade: Talvez a maior virtude do investidor, a conscientização de que o mercado é grande, poderoso e soberano. Além disso, estar sempre disposto a aprender.
- Flexibilidade: Capacidade de mudar rapidamente de estratégia se e quando necessário.
- Estudar, estudar, estudar
Pater Lynch cita muito o “Neo Investidores de Longo Prazo”. Ele é investidor de longo prazo “até a próxima queda do mercado”.
O curioso é que Maurício Hissa (O Bastter) tem uma definição parecida. A maioria dos “Neo Investidores em ações” compra uma ação via “recomendação” do amigo, depois a ação cai e ele resolve “casar” com a ação pensando que, no longo prazo, ela irá se recuperar. Muitas vezes não se recupera e toma outro “Tombo”. Mutilado, o investidor sai da bolsa e nunca mais volta (ou até a próxima alta quando voltará a comprar ações na máxima).
E como se preparar para investir? Estude e comece pequeno com um recurso que você não vai precisar no curto prazo. Faça suas próprias pesquisas e análises, não fique “pescando notícia”.
Montar Uma Carteira De Ações #7 – Nunca Pergunte se o mercado está bom para investir
De 2010 a 2015 tivemos anos bastante ruins no Ibovespa. Nem por isso deixamos ter der grandes oportunidades de investimento como se pode observar neste artigo.
Sempre haverão analistas de mercado prevendo quedas abruptas e/ou ciclos de alta que vão deixar todos milionários. Não devemos nos deixar influenciar por essas “previsões”
Peter Lynch aborda até de forma cômica a reação das pessoas aos movimentos da bolsa durante reuniões sociais (festas). Quando o mercado está em baixa, ninguém ousa falar de ações, ou poucos que tentam falar do assunto são demovidos a “esquecer” isso e vender a carteira. Já quando o mercado subindo não se fala de outra coisa nas festas, os que investem em ações são tietados pelo grupo em busca da próxima “dica”.
A lição desta dica é: Independente da situação dos mercados, sempre haverão boas oportunidades de investimento em boas empresas.
Isso não exime a responsabilidade de se verificar, através da análise da empresa, se é o momento certo de investir na mesma.
Montar Uma Carteira De Ações – Conclusão
Peter Lynch traz uma abordagem um pouco diferente das abordagens tradicionais de Investimento em Valor (Value Investing) e em crescimento (Growth Investing) apesar de utilizar elementos das duas (em breve escreverei artigos sobre essas duas abordagens).
Ao contrario dos dois consagrados métodos, Peter Lynch adiciona componentes do nosso cotidiano o que torna a análise mais “humana” e certamente mais interessante.
É importante que se saiba que por trás daquele código de 5 ou 6 letras que aparece na tela do computador com um preço do lado existe uma empresa que produz algo (ou presta serviço) importante para a sociedade.
Num exemplo hipotético (que pode ser real caso tais empresas tenham contratos entre si), o açúcar feito pela São Martinho (SMTO3) é distribuído pela Rumo Logística (RUMO3), chegando a cadeia de supermercados Extra (PCAR4). Assim como a incorporadora Gafisa (GFSA3) se associa a construtora que utilizará aço da Usiminas (USIM3) que utiliza ferro da Vale (VALE3). O carro que você dirige usa combustível da Petrobras (PETR3) e pode ter chegado na concessionária por um caminhão da Tegma (TGMA3) que usou diesel da Petrobras (PETR3) também. Existem outros milhares de exemplos que poderíamos citar aqui.
Concluindo, é muito importante conhecer as empresas que você vai investir, mas isso não é suficiente. É muito importante analisar os números e, hoje em dia, uma das melhores ferramentas no mercado para fazer isso é o GuiaInvest (clique para conhecer) que foi criado por um pequeno investidor que se tornou especialista em análise fundamentalista e portanto, sabe, na pele, das dificuldades e necessidades dos pequenos investidores.
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