Que tal começar hoje desvendar o segredo de como descobrir pechinchas na bolsa? Aliás, se você leu este artigo, já deve ter começado.
Na bolsa de valores há mais de 700 ativos, estatisticamente é bastante possível que encontremos assimetrias de valor que nos permitam obter lucros extraordinários.
Você, inclusive, já deve ter visto propagandas neste sentido.
Que tal aprender a encontrar empresas que valem menos que o que está registrado em seus “livros contábeis”?
Alguns pensamentos que vem na cabeça é:
“Isso é muito bom para ser verdade.
Portanto, no artigo de hoje vamos conhecer:
- Que indicador nos dá essa informação?
- Como filtrar esse indicador?
- Os vários problemas desse indicador;
- O outro lado, empresas que “arrebentam” mesmo sem este indicador;
- Conclusão;
#1 – Como Descobrir Pechinchas Na Bolsa – Que indicador nos dá essa informação?
O Indicador se chama Preço/Valor Patrimonial da Ação (P/VPA). É fazer a seguinte pergunta:
“Se vendermos todos os ativos da empresa e pagarmos todas as dívidas, o valor que sobra é maior ou menor que valor do preço da ação multiplicado pelo total de ações da empresa?
Esse indicador é amplamente utilizado, portanto, está disponível em todos os relatórios de análise fundamentalista de uma empresa.
#2 – Como Filtrar esse indicador.
Respondendo à pergunta acima olhando este indicador temos:
- P/VPA deve ser sempre maior que Zero, senão significa que a empresa tem patrimônio líquido negativo (passivo a descoberto).
- Se for maior que zero e menor que 1, significa que a empresa está precificada abaixo do seu valor patrimonial.
- Se for maior que 1, significa que a empresa está precificada acima do seu valor patrimonial.
Obs: Vale ressaltar que não há nada de errado de a empresa estar precificada acima do seu valor patrimonial. Veremos o caso das empresas que geram muito caixa com pouquíssimo patrimônio.
Segundo Benjamin Graham na histórica obra “O investidor inteligente” (clique aqui para conhecer), devemos procurar empresas que tenham este indicador abaixo de 1,5.
Neste vídeo eu ensino como usar a ferramenta Guiainvest para encontrar rapidamente essas empresas.
3 – Como Descobrir Pechinchas Na Bolsa – Os problemas desse indicador
Assim como o Preço/Lucro, o indicador Preço/Valor Patrimonial da Ação não pode ser analisado isoladamente. No máximo deverá ser utilizado como filtro.
Para fazer uma análise isolada do indicador P/VPA, vale recorrer à análise do excelente autor do livro Valuation – A arte de precificar ações, Alexandre Póvoa.
Segundo Póvoa, faz-se necessário obter um “valor justo” (como vimos no artigo anterior ao falar do indicador P/L).
O “valor justo” do P/VPA dependerá do estágio (crescimento acelerado, moderado ou perpetuidade) em que a empresa se encontra.
O problema do denominador
Antes de continuar, vamos abrir um parêntesis para colocar umas fórmulas básicas só para relembrar.
VPA, de uma simplista é Patrimonio Liquido dividido pelo número de Ações
Sabemos também que:
Ativo = Passivo + Patrimonio Liquido
Então, por essa fórmula, vemos que o VPA é altamente dependente do ativo da empresa.
Segundo Póvoa, o indicador P/VPA funciona bem em empresas e setores cuja estrutura capital não tenha mudanças relevantes.
Vamos lembrar novamente a fórmula deste indicador:
Preço dividido pelo Valor Patrimonial da Ação.
Já sabemos que o numerador desta equação irá variar diariamente. Essa variação é o que nos permitirá buscar assimetrias e oportunidade de investimento.
Queremos que o VPA não sofra variações bruscas, no entanto, empresas cujos ativos sejam determinados por valores “projetados” de inúmeros projetos ou que tenham muitos ativos “intangíveis” estão sujeitos a variações no VPA.
Um bom exemplo é a Petrobras que, historicamente, apresenta P/VPA atrativo.
Ao analisar isoladamente, poderia pensar que está “barata” sobretudo pelo alto VPA, no entanto, o ativo da empresa, do qual (vimos acima) o VPA é dependente, têm vários componentes com valores “projetados” como projetos de exploração e refinarias.
De tempos em tempos a empresa deve reavaliar esses projetos e fazer os acertos na contabilidade, ou seja, o VPA corre o risco de mudar, como, de fato, mudou através dos diversos impariments que a empresa fez.
Matematicamente, no caso da Petrobras, temos tanto o numerador como o denominador desta equação com volatilidade, dificultando o aparecimento de assimetrias neste indicador específico.
Então se você comprasse ações da Petrobras pelo P/VPA baixo, seria uma decisão, de certa forma, arriscada.
Está análise pode ser feita na ferramenta TC Matrix como mostro no vídeo abaixo.
#4 – O outro lado, empresas que “arrebentam” mesmo sem este indicador
TI (tecnologia da informação) é o futuro, dizia minha mãe quando eu tina 16 anos.
Por isso optei, a época, fazer Engenharia de Computação ao invés de economia.
De fato, a Tecnologia da Informação revolucionou o mercado.
Se hoje você consegue comprar uma ação em segundos é porque uma solução de “TI” proporcionou isso “matando” o operador de pregão.
Apesar da “revolução” ainda é bastante difícil precificar ativos de TI, muito pela dinâmica e pela rápida obsolescência dos mesmos.
Você verá empresas com pouco ou nenhum patrimônio revolucionar o mercado.
Uber e Mercado Livre são dois exemplos. As duas, até pouco tempo, não tinham frota nem estoque, dois componentes chaves do ativo de uma empresa tradicional e , por conseguinte, do patrimonio líquido.
Não obstante, os valores de P/VPA dessas empresas são, respectivamente, 9 e 44.
Os maiores ativos dessas empresas são os de TI, que são difíceis de precificar.
Então é fácil discernir que a estas empresas, não é muito interessante aplicar este indicador.
Trazendo a nossa querida Magazine Luíza para a discussão novamente. O P/VPA da mesa é 20,97. Assim como, na avaliação do P/L, nunca estaria barata.
Ao longo dos anos ela criou ativos de TI que podem não estar bem precificados e a culpa não é da empresa.
O valor desses ativos não poderá ser determinado baseado no custo de criação ou de infra-estrutura. Será baseado em outras análises como ganhos de escala e processos.
Um investidor, na minha opinião, não poderá usar o P/VPA para avaliar essas empresas.
#5 – Conclusão
Hoje aprendemos sobre um dos indicadores mais populares da análise fundamentalista.
Vimos suas vantagens e, sobretudo, limitações e desvantagens.
A conclusão é que, para um grande número de empresas, precisaremos ver mais indicadores para fazer uma avaliação correta.
E quanto mais indicadores, uma ferramenta que lhe economize tempo será necessária.
Por isso eu recomendo o GuiaInvest, a melhor ferramenta de análise de empresas do mercado.
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