Investir em Ações na Bolsa de Valores
Como operar
O mercado de ações é um grande alavancador da poupança interna do País, contribuindo para o investimento na produção de bens e serviços, e que visa garantir uma segurança e retorno para o investidor.
Visando a maior garantia existem instrumentos de controle que visam maior segurança e transparência aos investidores. Vimos no artigo anterior que o controle é exercido pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, criada pela Lei da S/A (6404/76), que disciplina o funcionamento do Mercado de Valores Mobiliários no Brasil.
Vimos também que dois principais tipos de ações disponíveis que são as Ordinárias Nominativas (ON), que concede ao acionista o direito a voto em assembleia e as Preferenciais Nominativas (PN) que permitem direito a preferência na distribuição de dividendos e em caso de dissolução da empresa, ao recebimento do investimento realizado.
No artigo de hoje vamos ver
- Como investir em ações através de corretora
- Que operações podemos fazer com ações
Investir em ações através de Corretoras
Corretoras são instituições credenciadas junto ao Banco Central do Brasil, CVM e a Bolsa de Valores, para realizar operações de compra e venda de ações, disponibilizando através de suas páginas (home broker), informações e contato direto com o investidor.
A corretora servirá de intermediária, ou seja, o meio entre você a Bolsa de Valores. Essa intermediação é o que gera a receita das mesmas, então, resumindo a corretora ganha sempre que você faz uma operação (compra ou venda). É muito importante que você saiba disso.
O procedimento de operar via uma corretora é bastante simples, mas, por incrível que pareça, passar por esse procedimento é o principal obstáculo que as pessoas tem. O processo pode variar minimamente de corretora para corretora mais geralmente funciona da seguinte forma:
- Você se inscreve no site da corretora, muitas já tem os formulários de inscrição online sem necessidade de você ficar preenchendo nada a caneta;
- Você imprime a ficha de inscrição e assim;
- Você envia via fax ou escaneia e envia via e-mail a ficha assinada, sua identidade,CPF e comprovante de residência.
- Enviada a documentação a corretora criará sua conta (leva uns 3dias na média), quando a sua conta ficar pronta a corretora enviará dados para você acessar o home broker e efetuar a transferência de recursos do banco.
- A depender da corretora você deverá, via home broker avisar que fez a transferência dos fundos, uma vez detectada pela corretora, os fundos ficam disponíveis no home broker e você pode operar ações e títulos públicos (Nota: Algumas corretoras pedirão para você confirmar que quer operar títulos antes de criar sua conta no tesouro direto)
- Em alguns produtos mais avançados como opções e mercado futuro, a corretora irá exigir a assinatura de uma documentação adicional.
Sinceramente, não vejo o procedimento de criação de conta na corretora tão mais burocrático do que num banco.
Questões de Segurança
Uma importante barreira que os investidores iniciantes tem em relação a abrir uma conta em corretora é a segurança de seu patrimônio. Como disse antes, a corretora serve como um intermediário, e, assim sendo, se a mesma vai a falência o seu patrimônio (seja ele em ações, títulos públicos, debêntures, etc…) está protegido pelas centrais depositárias (SELIC, CETIP, CBLC,etc..). Para conhecer mais sobre essas centrais clique aqui.
Custos Operacionais
Is investidores iniciantes ficam, as vezes, assustados com as taxas cobradas para operar no mercado. A verdade é que essas taxas são bastante inferiores as que um banco lhe cobra embutido na taxa de administração. Para a operação com corretoras há cobrança das seguintes taxas:
Taxa de corretagem
Cobrada em cada operação de compra e venda de ações, variando entre corretoras e datas de realização das operações; assim como em relação ao tipo de serviço prestado; as taxas também podem variar dependendo do lote (padrão ou fracionado) de ações que você adquirir.
Taxa de custódia
Cobrada para manter as ações em carteira, facilitando transações de vendas e compras pelo investidor. Como é uma taxa cobrada pela Bolsa de Valores, de cada corretora, podendo ou não ser repassada ao investidor.
Taxa de saque
Cobrada pelos saques realizados.
Emolumentos
Cobrados pela Bolsa sobre o volume do investimento Além destas taxas a Bolsa de Valores cobra taxas de Liquidação e Registro.
Possibilidades de operações com ações
Compras
Envolve o interesse do investidor em determinada empresa e sua expectativa de retorno deste investimento. Após a compra o investidor passa a possuir parte do Capital da empresa. As compras de ações podem ser basicamente:
De Valor: Neste caso o investidor acredita no crescimento e valorização da empresa. A depender da empresa a operação pode ser arriscada especialmente se a empresa foi criado do zero (a famosa empresa de “powerpoint”). Se a empresa já existe e tem histórico de sucesso as chances de sucesso melhoram. Houveram casos de sucesso no Brasil (empresas farmacêuticas, educação e alimentos) que multiplicaram o valor das ações e houveram casos de fracasso (OGX) em que as ações viraram “pó”.
De Renda: São as chamada compras “defensivas”. São empresas que são bem administradas e pagam bons dividendos, o investidor não está prioritariamente buscando valorização e sim um renda sobre o capital investido além de se defender da inflação. Até pouco tempo atrás as elétricas (Eletropaulo, CEMIG, Light) eram as queridinhas dos investidores defensivos. O fluxo de caixa constante e regras definidas de correção das tarifas traziam “tranquilidade” ao investidor. Isso tudo foi por água abaixo quando o governo mudou as regras do jogo.
Especulativas: Quando o valor de uma ação cai muito, os investidores mais agressivos pegam uma parte do seu capital e compram acreditando (especulando) que esta queda foi muito alta e que a ação deverá subir para se ajustar. São operações perigosíssimas que requerem bastante experiência e um controle de risco apurado.
Vendas
O investidor emite a ordem de venda para a corretora, normalmente definindo sua intenção ou o valor de cotação de seu interesse para realizar a venda. Com base na informação recebida, a corretora busca interessados em compra e fecha a operação, através de sua liquidação. As estratégias de venda podem ser:
De balanceamento: Estratégias de balanceamento de carteira (entenda melhor lendo este e-book aqui) requerem a venda de ações se as mesmas tiveram uma valorização significativa.
De mudança de estratégia: Após um longo tempo acumulando ações ou comprando ações “de valor” chega a hora do investidor “viver de renda” então o mesmo pode vender paulatinamente as ações acumuladas e valorizadas para uso próprio do dinheiro ou, melhor, para comprar ações “defensivas” que pagam bons dividendos.
“Divórcio da Empresa”: Por diversos motivos o investidor pode “se divorciar” e vender todas as ações da empresa se entender que não compactua com a estratégia da mesma. Exemplo: Quando o governo passou a controlar os preços da gasolina vendida pela Petrobrás entre outras medidas intervencionistas muitos investidores resolveram se “divorciar” dela.
Aluguel e Venda Especulativa: Esta modalidade é regulada pela Bolsa de Valores e consiste na cessão dos direitos de ações, por prazo determinado, por um titular de ações (doador) e um investidor (tomador), que remunerará por este aluguel ao doador e assume a obrigação de devolver a quantidade de ações alugadas ao final do prazo acordado contratualmente.
Quando o valor de uma ação sobe muito, os investidores mais agressivos naturalmente desejam vender essas ações na expectativa que os preços caiam. Como não é permitido vender ações a descoberto (sem tê-las) os especuladores “alugam” as ações e depois as vendem. Quando a operação termina eles recompram as ações (se a estratégia deu certo a um preço menor) e “devolvem” ao proprietário original.
As taxas de aluguel de ação variam de acordo com a ação e o mercado, quando estamos num mercado em baixa (“bear” market) geralmente esses aluguéis são mais caros pois naturalmente há mais demanda.
Arbitragem Long/Short
Consiste em arbitragem entre ações, que visa resguardar o investimento de uma oscilação dos índices de Mercado. Esta operação visa o equilíbrio do investimento, gerando um risco de perda menor.
Nesta operação o investidor compra uma ação e vende uma outra ação (ou vice-versa), a operação contrária serve para reduzir o risco e “focar” o resultado da operação na variação do mercado.
Uma operação bastante popular é a compra e venda de ações Ordinárias e Preferenciais de uma mesma empresa, ou entre uma holding e uma subsidiária.
Exemplo: Investidor acredita que a as ações da Petrobrás irão cair, acredita-se também que as ações ordinárias (PETR3) terão mais volatilidade que as preferenciais (PETR4). À época da operação as ações da Petrobras estavam cotadas a R$ 30,00 as ordinárias e R$ 26,00 as preferenciais.
Venda de PETR3 a R$ 30,00
Compra de PETR4 a R$ 26,00
Após um tempo os preços das ações chegaram a esta situação:
Preço da PETR3 – R$ 28,00
Preço da PETR4 – R$ 25,00
Note que a operação gerou um lucro de R$ 1,00 por ação ((R$ 30 -R$ 28) – (R$ 26 – R$ 25)) para o investidor. O contrário poderia ocorrer gerando uma perda, no entanto, o risco de perda fica controlado. Essas operações, apesar do risco reduzido, são complexas e somente investidores bastante experientes podem fazê-la pois exigem uma análise detalhada do mercado e da dinâmica dos preços.
Conclusão
Neste artigo vimos que não é complicado operar na bolsa de valores, isso não significa que você deva sair operando “loucamente”. É preciso muito estudo e preparo psicológico para não cair na armadilha do “jogo”. O mercado de ações é fonte riquíssima de histórias de fortunas perdidas (como o investidor que apostou tudo numa empresa de “powerpoint”) e outras histórias bizarras (verdadeiras ou não) que você escuta em fóruns como a de um médico que fez uma operação especulativa de alto risco e foi fazer uma cirurgia deixando a posição em aberto(como estaria o “psicológico do médico nesta hora).
Por fim , convido para que assistam este vídeo do André Fogaça que mostra como você pode obter uma bela renda através de dividendos.
Um forte abraço!
Christian
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