Dúvidas Respondidas e dicas para tirar o máximo de sua previdência privada!
Olá Tudo Bem?
Este é o terceiro artigo da série de artigos sobre previdência privada. Vamos aproveitar para recapitular o que vimos nos primeiros artigos.
No primeiro artigo vimos os motivos pelos quais a previdência vem sido criticada nos últimos anos. Vimos que a previdência, como produto financeiro, é um produto sofisticado que, na maioria das vezes, tem um custo alto para o cliente.
No segundo artigo vimos porque as pessoas perdem dinheiro com a previdência privada. Vimos que não se trata apenas de contratar planos com altas taxas de carregamento e administração. O investimento em previdência privada tem que levar em consideração objetivos concretos e um correto planejamento sob a pena de se incorrer em significativas perdas.
Desses artigos surgiram ótimas perguntas e sugestões feitas pelos leitores (tanto nos comentários como em e-mails enviados para mim). Então vamos tratar de respondê-las.
Principais dúvidas sobre previdência privada.
Pergunta: Minha previdência está perdendo feio para as outras aplicações. Devo sacar tudo e investir em outras aplicações, como tesouro direto.
Resposta: Isso vai depender de alguns fatores:
1) Seu plano é PGBL ou VGBL? Se for um VGBL é mais fácil a saída pois os impostos incidem apenas sobre os rendimentos. Se for um PGBL deve-se analisar o tempo que você está com o dinheiro investido e qual é o modelo de tributação.
2) Meu plano é PGBL progressivo e tenho pouco dinheiro aplicado (até 10.000): Neste caso o impacto fiscal não será muito alto (em torno de 20%), podendo ser fácilmente recuperado em outras aplicações num período de 5 anos.
3) Meu plano é PGBL regressivo, tenho pouco tempo de aplicação (menos de 5 anos): O impacto fiscal é alto (mais de 30%). Vai levar um tempo para se recuperar. Sua decisão também dependerá do montante que você tem. Se for alto (mais que R$ 50.000) você perderá muito em termos absolutos mas poderá montar uma carteira com melhores condições porque tem mais dinheiro (a partir R$ 20.000 você já consegue produtos de renda fixa com ótimas taxas que ultrapassam significativamente a taxa de juros básica).
De qualquer forma, deve-se pensar primeiro em tentar una portabilidade. Ou seja, mudar o seu plano para outra instituição que lhe ofereça condições melhores.
Considere também um saque parcial para diversificar sua carteira de investimentos no caso de sua única aplicação ser essa previdência privada.
Finalmente, se você tem uma família que depende você convém não sacar tudo, deixar um pouco na previdência é importante para que sua família possa dispor desse montante sem burocracia em caso de falecimento.
Pergunta: Que taxas de administração e carregamento você considera justas?
Resposta: Acho que o valor da taxa não é o mais importante. O mais importante é evitar planos com taxa de carregamento na entrada. As taxas de carregamento geralmente são decrescentes de acordo com o patrimônio então a taxa na saída é muito mais vantajosa já que, na saída, o seu patrimônio será significativamente maior. No modelo de taxa na entrada você já sai perdendo “tantos %” antes mesmo do seu dinheiro render alguma coisa. Apesar de que, nos meus estudos, essas taxas de carregamento tem pouco impacto no resultado a longo prazo(em torno de 2% do patrimônio).
Quero focar mesmo nas taxas de administração, uma taxa de 1% (no máximo estourando 1,5%) seria o máximo aceitável para um investimento em previdência privada. Uma diferença de 1% no longo prazo tem um impacto de 20% a 25% no seu patrimônio total. É claro que em alguns raros casos o plano, apesar das taxas altas, entrega boas taxas de rentabilidade, então a rentabilidade á algo a se observar também.
Pergunta: Até que ponto a diferença entre as rentabilidades da previdência privada e outras aplicações impacta num plano de contribuição patronal.
Resposta: Isso vai depender da diferença entre as rentabilidades, do tamanho da contribuição patronal e do tempo aplicado. Veja o resultado de uma aplicação em previdência privada de R$ 10.000,00 anuais com contribuição patronal de 100% comparado com o valor que você aplicaria de forma independente onde rentabilidade da sua aplicação foi de 12% e a da previdência privada patronal foi de 8%.
Percebe-se que, a partir do vigésimo quinto ano suas aplicações pessoais passam a ser mais lucrativas que as da previdência privada mesmo com a contribuição patronal.
Outra o fator é o seu nível de “casamento” com uma empresa. É claro que ninguém começa a trabalhar numa empresa pensando em sair, mas uma alta exposição numa previdência privada de empresa sem diversificação em outras aplicações é perigoso.
Eventualmente você pode querer buscar novos desafios em outras empresas ou até empreender.
Neste caso a lei permitirá que você migre os recursos (tanto os seus quanto da empresa) para outro plano, mas o saque deverá ser feito paulatinamente.
Concluindo, você não poderá dispor do recurso todo imediatamente o que pode ser fatal no caso de você ter um sonho empreendedor. Por isso tenha sempre uma reserva em aplicações que você possa dispor imediatamente do montante.
Mais alguma dicas para você tirar o máximo de sua previdência privada.
Guarde o seu benefício fiscal.
O benefício fiscal da previdência privada não significa que o governo não lhe cobrará o imposto. Ele apenas está postergando essa cobrança para o futuro, ou seja, você não paga imposto agora porque pagará no futuro em função do seu benefício.
Uma idéia aqui é você usar o valor que você não pagará de imposto e criar uma nova aplicação (qual tal em títulos públicos?).
Sim, eu sei que o dinheiro “economizado” no imposto na verdade foi utilizado para constituir a previdência privada. Mas nada impede que você coloque na sua cabeça que esse dinheiro “poupado” de imposto deve ser aplicado.
Na hora que você estiver fazendo o sua declaração de imposto de renda, ao colocar o valor investido em previdência privada dedutível (exemplo: PGBL) o programa da receita vai mostrar e exata economia do imposto para você. Anote esse número e o tenha como uma meta adicional de investimento no ano.
Instabilidade no emprego? PGBL progressivo é uma boa solução
O meu amigo Mauricio me deu essa dica e foi reforçada num comentário de um leitor. Se você tem um emprego não muito estável em que você talvez fique um período sem trabalhar ou tenha que passar um tempo fazendo trabalhos de freelancer. Uma ideia é fazer um PGBL durante o tempo em que estiver trabalhando formalmente (com tributação salarial). Se você fizer esse PGBL poderá deduzir do ajuste anual o valor, e, no caso de desemprego “formal” poderá retirar o PGBL provavelmente sem pagar imposto nenhum (ou pagará pouco). Mas isso só vale se você tiver despesas suficientes para poder fazer a declaração completa do imposto de renda.
Procure um plano corporativo
O leitor Sergio me mandou essa dica e desde já agradeço. Os planos empresariais ou corporativos, mesmo sem aporte de empresa, geralmente desfrutam de taxas de carregamento e administração menores. Então se a sua empresa não tem plano de previdência privada, fale com o seu RH para conseguir um convênio, vale a pena.
Outra forma de conseguir planos com condições melhores é procurar sua associação de classe (ex: CREA) ou um clube financeiro. Essas instituições também tem convênios com seguradoras com condições melhores de previdência privada.
Conclusão e como levar seu conhecimento em previdência privada para o próximo nível.
Bem, esse é o fim dessa série de artigos, quero agradecer a todos a audiência e as participações.
Mas, definitivamente não é o fim do assunto previdência privada. Existem diversos lugares com informações preciosas sobre previdência privada como o próprio site da previdência oficial, a SUSEP e a Fenaprevi entre outros. Além, claro, de artigos aqui do blog e outros blogs de educação financeira independente.
Finalmente, para os que desejam aprimorar os seus conhecimentos em previdência privada, há vagas para o meu programa de treinamento Segredos da Previdência Privada . O primeiro programa de treinamento focado em previdência privada, e, também, com um enfoque em educação financeira.
Todos os detalhes deste novo (e inédito) programa aqui no Brasil você encontra aqui ! Quem estiver realmente interessado em entender e melhorar seus planos de previdência certamente vão adorar esta oportunidade.
Enquanto isso estou a disposição de todos para qualquer dúvida sobre a capacitação e previdência privada em geral, se tiver alguma dúvida comente abaixo.
Um forte abraço!
Christian
Gustavo Ribeiro diz
Boa tarde, primeiramente parabenizá-lo pelo blog, muito bom! Minha dúvida é a seguinte: tendo em vista que os fundos de investimentos utilizados nas previdências complementares não são cobertos pelo FGC, pergunto: Vale a pena fazer a portabilidade de um VGBL Banco Brasil (Rent: 10.9%, Adm:1.25%, s/ taxa carregamento) para um VGBL MAPFRE (Rent: 11.3%, Adm:0.7%, s/ taxa) a fim de buscar uma melhor rentabilidade, mas correndo mais riscos no longo prazo? Haja vista que o risco de problemas com o BB é infinitamente menor do que com uma seguradora pequena?
Bizz Invest diz
Olá Gustavo!
Obrigado pela pergunta.
Fiquei um pouco decepcionado pelo fato de, nessa comparação que você me mostrou, o seguro da MAPFRE entregar uma rentabilidade apenas 0,4% maior para uma taxa de administração 0,55% menor. Por isso que é bom analisar os dois (taxa adm e rentabilidade).
Quanto ao risco realmente o Banco do Brasil tem o menor risco pelo fato de ser gigante e ter o governo como acionista controlador. Apesar da Mapfre ser uma seguradora muito grande globalmente falando. A diferença de rentabilidade talvez não compense a mudança. É bom ficar acompanhando.
É interessante o fato do o Banco do Brasil e a Mapfre recentemente terem feito uma fizeram uma fusão em diversos segmentos de seguros ( auto,imobiliário, agrícola, etc…) e terem deixado a previdência de lado (talvez o CADE e a SUSEP não tenham deixado). É provável que futuramente, com uma expectativa de consolidação do mercado, eles façam a fusão da previdência também.
Um abraço!
Petter Zanotti diz
Boa tarde, fui contribuinte da previdência oficial durante 16 anos, mas deixei um emprego formal para me tornar um empreendedor.
Considerando esse tempo de contribuição, vale a pena continuar fazendo a contribuição mínima para garantir a aposentadoria do INSS e desta forma não perder o tempo de contribuição anterior, ou devo investir este valor e esquecer o tempo de contribuição anterior?
Bizz Invest diz
Ola Petter!
Obrigado pela pergunta.
Minha sugestão é que você mantenha sua contribuição ao INSS. Mesmo que seja pela contribuição minima.
Um Abraço!
Christian
Previdência vale a pena diz
Christian, outra solução para não pagar imposto de renda na hora do saque do PGBL é vc fazer um para o seu filho (até 16 anos) e ele sacar até o limite de isenção anual. Ou seja, seu filho tem 1 ano E vc faz o PGBL recebe de volta 27,5% já no ano seguinte. E quando tiver 5 anos saca e neste ano seu filho não é seu dependente, pois terá uma renda do valor do saque do PGBL totalmente isento de IR se sacar até o limite de isenção anual (hj é R$ 27 mil aproximadamente).
Bizz Invest diz
Ola!
Obrigado pela participação!
Certamente é uma estratégia interessante, inclusive abordo ela no programa de treinamento. O único detalhe é que, ao se fazer essa opção (fazer a declaração do seu filho independente), tem que se levar em conta que está se abdicando de isenções de imposto que o seu filho lhe dá. (Isenção de filho, gastos educacionais, plano de saúde e médicos). E isso atenua o ganho com essa estratégia.
Abraço!
Christian
Guilherme diz
Christian, meu pai aplica no PGBL há muito tempo, já tem 60 anos e conseguiu obter certinho o abate do IR. O banco cobra 0,8% de tx de adm, o fundo tem aquele rendimento bléh. A dúvida é, sacar ou não o montante que já completou os 10 anos para aplicar em outro investimento mais rentável (TD , CDB, LCI etc.)
Bizz Invest diz
Olá Gulherme!
Obrigado pela participação!
Presumo que ele fez um PGBL regressivo já que você menciona 10 anos. Ou seja, está na melhor situação de saque completo.
A resposta simples seria dizer que é melhor aplicar em outros investimentos, o ganho será significativo. TD, CDBs, LCIs e LCAs batem a maioria das previdências privadas com folga.
Mas essa decisão não pode apenas envolver uma observação da rentabilidade. Deve-se também observar os questionamentos abaixo.
1) Seu pai está preparado para investir por conta própria? Já tem bom conhecimento dos demais investimentos? Não que seja difícil, mas tem uma curva de aprendizado que deve ser cumprida sob o risco de incorrer em prejuízos.
2) Qual o nível de educação financeira da família? Você pode ajudar o seu pai a fazer esses investimentos?
3) Se algum infortuito ocorrer a família pode passar tranquilamente pela fase do inventário?
Planos de previdência que estão no final geralmente tem bons valores de patrimônio. Tenho certeza que outra instituição adoraria receber vocês como cliente, então deve-se também aventar essa possibilidade via o mecanismo da portabilidade.
Um abraço!
Christian
Jonatam César Gebing diz
Belíssimo Post, Christian.
Parabéns pelo trabalho!
Quando puder, passa lá no meu portal também.
Abraços
http://www.pobrepoupador.com
Bizz Invest diz
Olá Jonatam!
Que bom ter a sua participação aqui! Muito Obrigado pelo elogio.
Parabéns pelo portal, vou dar uma passada lá com certeza!
Um Abraço!
Christian
Loreany Rubira diz
Christian primeiramente gostaria de lhe parabenizar pelos textos expostos!! como ainda estou iniciando o aprendizado, gostaria que me ajudasse a tomar uma decisao sobre minha previdencia privada, que depois de ler varios artigos, me arrependi profundamente em ter feito.
Tenho uma previdencia PGBL, desde janeiro de 2009, no sistema regressivo, vitalicia, com previsao para aposentar em 2041. Estou com 34 anos, a taxa administrativa cobrada é de 2,0%, com carregamento de entrada de 1,0% e carregamento de saida de ate 1,0% dos 0 aos 5 meses. Meu valor de investimento inicial foi de 500,00 reais mensais, e atualmente pago 575,00. Estou com um valor atual de 48.351,87, e pedi uma solicitacao de resgate total no meu banco, que me informou que pagaria um IR de 13.859,58, tx saida de 94,26, resgatando liquido o valor de 34.398,03 hoje. Nao tenho familia q dependera de mim.
Recebi essa proposta do banco do brasil, q atualmente nao tenho conta, para possivel portabilidade:
– Tributação regressiva definitiva: até R$ 49.999,99 a Taxa de administração é de 1,8%, para o fundo FIX X, de R$50.000,00 à R$ 99.999,99 a taxa de administração é de 1,50%, para o fundo FIX II. Os planos de previdência Estilo têm a taxa de carregamento postecipada, não é cobrada no ato e após o período de 73 meses de cada aporte deixa de ser cobrada.
O q me sugere fazer?? Muito obrigada
Bizz Invest diz
Olá Loreany!
Obrigado pelo elogio!
Coincidentemente estava respondendo uma pergunta de um aluno do curso sobre esse esse plano (o FIX X) que tem taxa de 1,8%. Apesar da taxa alta, ele entregou uma rentabilidade de 6,3% contra 7,16% do CDI, o que configura 88% do CDI de rendimento. Nada mau para um plano do BB.
Eu não posso dizer o você deve fazer mas qualquer melhoria em relação ao seu atual plano é bem vinda. Não me agrada essa taxa de adm de 1,8% que pode ficar nociva caso a situação da nossa economia mude. Veja que se nossa economia melhorar e o governo abaixar as taxas de juros o banco continuará cobrando essa taxa de 1,8% que passará a ser bastante nociva aos resultados.
Dado o seu perfil eu recomendo fortemente que você estude alternativas de investimento mais rentáveis como Tesouro Direto,CDBs,LCI,LCA. O mercado de ações e fundos imobiliários está com várias “pechinchas”também. Você pode começar paulatinamente dividindo o seu dinheiro novo entre a previdência e os “novos investimentos”.
Um abraço!
Christian