Introdução

Uma vez que você já conseguiu fazer um mapeamento detalhado de seus custos (caso não tenha feito você talvez queira dar uma olhada neste artigo ou baixar nosso e-book gratuito) chegou a hora de fazer o que eu chamo de “estancar a sangria”, ou seja, vamos fazer um primeiro corte de custos, simples e rápido e sem muita dor.

• Você deve mesmos cortar custos?
• O que é um custo essencial e um custo não essencial.
• A importância de um acompanhamento periódico das despesas
• Dicas para uma redução rápida dos custos

Nota: Este é o primeiro processo de corte de custos, um corte simples, rápido, nos excessos. Mais para a frente (em um futuro artigo) trabalharemos em uma redução “qualitativa” das despesas, uma que envolve maior tempo.

A história desta técnica

A técnica que eu chamo de “Estancar a Sangria” foi utilizada por mim em momentos em que uma falha de planejamento me levou a ter um desbalanceamento entre receitas e despesas.

Os motivos para o descontrole nas finanças foram nobres (na primeira vez estava investindo na minha educação fazendo um MBA e na segunda estava investindo em um imóvel na planta) mas, por mais nobres que sejam os motivos, não me orgulho de ter deixado o meu fluxo de caixa “desbalanceado” e não recomendo isso para ninguém.

Independente do motivo, esta técnica me ajudou bastante em momentos difíceis e vai ajudar você também. Mas lembrem-se, encare essa técnica como um “remédio”, mas para frente você irá aprender como criar sua reserva de emergência para não precisar mais usar “remédios” para “sanar” suas finanças gerando desconforto na sua qualidade de vida.

Cortar custos antes de fazer um planejamento financeiro?

Você pode se perguntar, mas vou sair cortando custos sem, ao menos fazer um planejamento financeiro? A resposta é sim! Vamos eliminar a sangria logo para poder fazer um planejamento “realista”. Muitos fazem o planejamento financeiro assumindo que vão conseguir cortar 40% dos custos sem ao menos saber se vão, de fato, conseguir fazer isso.

Você deve mesmo cortar custos?

Essa pergunta pode parecer estranha, na verdade, é tudo uma questão de foco. Talvez você já controle bem seus custos e o que precisa é investir melhor o dinheiro que sobra. Então como uma métrica vamos dizer que se você não consegue economizar pelo menos 20% de tudo que você ganha você deve pelo menos fazer um exercício de corte de custos. Se você está gastando mais do que ganha então, certamente este exercício é para você. Mas a pergunta que muitos fazem é, como economizar dinheiro?

O que cortar?

Ainda que alguns educadores financeiros gostem de classificar os custos em diversas categorias, eu gosto de dividi-los em duas que são as despesas essenciais e despesas não essenciais.

• As despesas essenciais são aquelas que, caso sejam cortadas, podem acarretar fortes e irreversíveis danos a nossa qualidade de vida.
• As despesas não essenciais são aquelas que, caso sejam cortadas, podem gerar algum desconforto mas sem prejuízo a nossa qualidade de vida.

Para descobrir se uma despesa é essencial ou não essencial vamos criar um sistema de pontos, assim sendo, para cada despesa, responder as seguintes perguntas:

1. A despesa é recorrente, ou seja, temos ela todo o mês? (Sim – 2 pontos/Não – 0 pontos)
2. Se não for recorrente ela poderia ter sido postergada para o próximo mês? (Sim – 0 pontos/Não – 1 ponto)
3. Existe alguma alternativa gratuita ou mais barata a essa despesa? (Sim – 0 pontos/Não – 1 ponto)
4. Há impacto significativo de cortar a despesa e parar de “usufruir” do benefício?  (Alto – 1 ponto/Baixo – 0 ponto)

Para um despesa ser essencial ela deve atingir, no mínimo, 3 pontos no somatório das perguntas. É claro que por mais objetivas que sejam nossas métricas, haverá sempre espaço para algo subjetivo, especialmente no item 4 acima, isso é absolutamente normal, todos nós somos diferentes e devemos adequar o exercício à nossa realidade.

O importante aqui é fazer o exercício, só o fato de fazê-lo já vai ser de um enorme ajuda.

O exercício em 2 etapas

Num primeiro momento o exercício é feito com o seu histórico, ou seja, com as despesas já ocorridas, é importante que você saiba, dentro de suas despesas, o que é essencial e o que não é. Depois, em uma segunda etapa, você fará o exercício no seu dia a dia.

Não ter feito o seu mapeamento de despesas, não é impeditivo para o exercício mas sugiro que o faça.

Segue agora um exemplo da etapa 1 desse exercício:

→ Clique aqui para baixar a planilha de análise dos custos.

Veja uma aula rápida de como utilizar a planilha.

Agora que sabemos nossas despesas essenciais o que você vai fazer é uma lista das mesmas e levar consigo. Sempre que você estiver diante de uma nova despesa veja se ela esta na lista. Se não estiver faça os itens 3 e 4 do exercício acima.

Algumas dicas para cortar custos rapidamente

Análise periódica dos gastos: Em momentos de crise a análise de custos deve ser feita semanalmente ou quinzenalmente, geralmente deixamos para analisar nossos custos no fim do mês mas ai o estrago já foi feito. Veja que existe uma diferença entre “registrar” despesas e “analisar” despesas. Você deve registrar suas despesas diariamente e analisar suas despesas semanalmente. Verifique também sua conta bancária diariamente, é importante que você veja no dia a dia a dinâmica de seus custos.

Cartão de crédito em casa: Se você usa cartão de crédito, deixe-o em casa. O efeito psicológico é sensacional! Você automaticamente entra em “modo gastos essenciais”. Além disso, como você vai verificar sua conta bancária todos os dias, você verá os efeitos das despesas onde “dói” mais, ou seja, em sua conta bancária.

Se é absolutamente impossível não utilizar o cartão de crédito (porque você não tem dinheiro em conta para pagar nada a vista hoje), experimente utilizá-lo somente durante 10 dias. Os cartões de crédito geralmente “fecham” 10 dias antes do pagamento (o meu fecha dia 25 e pago ele no dia 5 do mês seguinte), só utilize o cartão nesses 10 dias entre o fechamento e o pagamento, assim você garante um empréstimo a juro zero durante 30 dias.

Tenha pelo um dia “sem gastos” por semana: Esse é difícil, parece que “pagamos” pelo ar que respiramos. Mas dá para fazer com um pouco de planejamento. Faça as seguintes tarefas:

• Leve o almoço de casa nesse dia;
• Compre suas passagens de ônibus ou metrô antecipadamente ou vá de carona com alguém para o trabalho;
• Cartão de débito em casa;
• Coloque um dinheiro de emergência em um lugar de difícil acesso (ex: dentro do zíper da carteira ou dentro da carteira de identidade);
• Se houver dificuldade em cumprir sua tarefa vou dar uma “folga”, gaste suas moedas! Todos têm moedas, elas vão se “perdendo” pela casa, pelos bolsos, pelo carro. Junte suas moedas perdidas e gaste-as.

Vá ao parque (praça) ao invés do shopping: Se a sua cidade permitir vá ao parque! Qualquer gasto no parque (ex: pipoca) será bem menor que os potenciais gastos que ocorrem em shoppings. Curta um pouco a vida ao ar livre.

Quer mais dicas? Dentro de um dos capítulos do Livro Negro do Financiamento de Imóveis (veja resenha aqui) tem uma seção chamada “Estratégia de Racionalização das Despesas”  com ótimas dicas para cortar custos.

Conclusão

Neste artigo você aprendeu:

• A técnica “estancar a sangria” que serve para “remediar” um pontual desbalanceamento entre receitas e despesas, ela nunca deve substituir um correto planejamento financeiro e constituição de reserva de emergência;
• Para cada despesa, determinamos através de perguntas e um sistema de “pontos”, se ela é essencial ou não. Todas as despesas não essenciais devem ser cortadas até que a situação financeira se estabilize permitindo um planejamento adequado para o futuro;
• Dicas de redução de despesas incluem deixar o cartão em casa, acompanhar sua conta corrente todos os dias e praticar “um dia sem despesas”;

No próximo artigo vamos fazer o nosso planejamento financeiro de forma a não precisar mais do remédio acima.

Um forte abraço!

Christian

Gostou do artigo? Alguma dúvida? Comente Abaixo