Introdução
Investir ou pagar dívidas? Uma resposta definitiva para esta pergunta não consegue ser colocada pela maioria dos educadores financeiros.
Uma pesquisa rápida no Google nos mostra, no entanto, que a maioria dos Educadores Financeiros recomenda a quitação das dívidas ao investimento. Mas será que realmente é mais vantajoso fazer isso?
O que permite ao ser humano não ser vencido todavia pela máquina é que a segunda não consegue fazer de forma efetiva o que chamamos de análise subjetiva. Eu digo todavia porque nunca devemos subestimar a capacidade desenvolvimentista da tecnologia.
E porque a análise subjetiva é tão importante? Os números por si próprios não são capazes de prever o comportamento do cérebro humano no futuro, é muito difícil prever qual será a reação de um ser humano a determinada situação que lhe for colocada no futuro. Então neste artigo veremos:
- Se há perda financeira ao optar por investir ao invés de quitar dívidas;
- Uma breve explicação sobre empréstimos;
- As facilidades de Investir e a importância da construção deste importante hábito.
Há, de fato, Perda Financeira ao investir ao invés de pagar dívidas?
As taxas de juros de eventuais empréstimos e financiamentos são, em sua maioria, superiores que as taxas pagas pelos investimentos. Isso é normal, pois essa é a principal forma que o banco ganha dinheiro, ele toma emprestado de alguém por uma taxa e empresta para outra pessoa por uma taxa muito maior.
Devido a diferença de taxas supracitada ser significativa, financeiramente seria mais vantajoso quitar a dívida do que poupar o montante.
Mas não devemos seguir essa regra de olhos fechados. É importante que você faça as contas sempre. Eu resolvi criar uma planilha e fazer as contas, mostrando num vídeo abaixo.
O resultado foi bastante interessante. Dependendo do tipo de empréstimo que você tomou a decisão poder pender para um dos lados. Exemplo: Em alguns casos no método SAC o investimento ao invés de amortização se mostrou mais vantajoso. Torna-se interessante então falar um pouco sobre empréstimos e financiamentos.
Primeiramente você sabe qual é a diferença entre empréstimo e financiamento?
Os empréstimos é dinheiro puro, o banco (ou o seu cunhado) te dá o dinheiro sem lhe perguntar o motivo pelo qual você está precisando do dinheiro. Naturalmente, por não envolverem garantias na maioria dos casos, são mais arriscados e as taxas de juros são maiores.
O financiamento envolve algum bem (um carro, um imóvel, etc…) que é dado em garantia no mesmo. O dinheiro não passa pela sua mão e sim vai direto para o dono do bem que você adquiriu, afinal o dinheiro é para comprar aquele bem, certo? Por envolver uma garantia geralmente tem uma taxa de juros menor.
Os empréstimos e financiamentos para 99% das pessoas físicas seguem o processo abaixo:
- É definido um período de pagamento (99% dos casos é mensal);
- Quando este período chega você deve o aluguel do dinheiro (é o que chamamos de juros), além disso você deve devolver ao credor parte do dinheiro que tomou (isso se chama amortização). Essa soma do aluguel com devolução (juros + amortização) é o que se chama a famosa prestação que você paga;
- A prestação tem que ser suficiente para pagar o aluguel e devolver parte do dinheiro.
- Na tabela PRICE a prestação é fixa então todo o mês se calcula o valor do aluguel (juros) e paga-se o mesmo, o que sobrar conta como devolução do dinheiro (amortização). Se você sabe a taxa do aluguel (juros) e quantas prestações serão pagas, uma calculadora financeira (ou planilha) lhe dá o valor exato da prestação.
- No método SAC você compromete a devolver todo mês parte do dinheiro, então a devolução mensal (amortização) será igual e o valor é o quanto você tomou emprestado divido pela quantidade de prestações que você se propôs a pagar. A esse valor somamos o aluguel (juros) chegando ao valor da prestação.
- De uma forma ou de outra, se você pagar suas prestações em dia os juros cobrados de um empréstimo ou financiamento sempre quitarão os mesmos ao fim do período (mês) e, assim sendo, você nunca incorrerá em “juros sobre juros”.
- Lembre-se que sua prestação deve ser sempre suficiente para pagar o aluguel (juros) do dinheiro.
Formas de amortização
Você pode optar por fazer amortizações para redução do valor da parcela ou para quitação das últimas parcelas do seu empréstimo ou financiamento. Os bancos gostam da segunda opção pois parece ser operacionalmente é mais simples para ele (não haveria que recalcular as parcela e emitir novos boletos).
Sem querer defender os bancos, pessoalmente, acredito que uma amortização extraordinária “de verdade” só ocorre mediante a quitação das últimas parcelas. Quando se reduz o valor da parcela você está antecipando uma amortização mas está “diluindo” essa antecipação pelas parcelas o que, no meu ponto de vista, não é uma amortização “pura”. Tanto que, se você fizer a amortização quitando as últimas parcelas os juros que você paga no total são significativamente menores.
Então dependendo da forma como você vai amortizar o empréstimo ou financiamento também determina se é mais os mentos vantajoso investir o montante.
O ganho “psicológico”. Criando o poder do hábito
O que deve ser levado em consideração é que, independente da sua situação financeira, o hábito de investir (nem que seja uma pequena quantia) deve ser imediatamente criado em todas as pessoas.
Napoleon Hill em seu best-seller, A Lei do Triunfo tem um importantíssimo capítulo dedicado ao poder do hábito.
A obtenção da independência financeira passa pela criação de novos hábitos como o de investir constantemente. Algo desconfortável no começo mas que deixa de sê-lo quando vira hábito.
No vídeo acima mostrei uma simulação em que, no caso de investir o dinheiro ao invés de quitar a dívida se acumulou um significante montante.
As pessoas tem diferentes níveis de educação financeira, com relação a dívidas elas podem tomar as seguintes ações:
- Tendo dívidas, quando querem algo contraem novas dividas mesmo sem saber se vão conseguir pagá-las;
- Tendo dívidas, esperam as mesmas serem quitadas para contrair novas dívidas, já subiram um degrau na responsabilidade financeira. No entanto, comemoram a quitação da dívida pois é a oportunidade de gastar mais;
- Tendo dívidas, procuram juntar dinheiro para poder fazer suas próximas aquisições a vista o minimizar futuras dívidas.
- Não fazem dívidas.
E você tem dívidas? Se positivo está em qual nível?
Fundo de Emergência
Outro motivo para investir é a criação de um fundo de emergência, veja, se você, tendo uma dívida, necessitar de mais dinheiro seja lá qual for o motivo talvez o banco não lhe empreste, na melhor das hipóteses você conseguirá um empréstimo “mais caro”, então é bastante conveniente que você mesmo se empreste o dinheiro através de um fundo de emergência.
Investir é fácil mesmo com pouco dinheiro
Mesmo com poucos recursos você pode investir, o Tesouro Direto facilitou muito a vida do pequeno investidor permitido a compra de títulos fracionados (0,1 – 0,2 – 0,3…). Assim sendo há casos que com um pouco mais de 30 reais você pode comprar uma fração de título que tem rendimento superior ao da poupança. Existem corretoras no mercado que cobram taxa zero ou perto disso para custódia de seus títulos.
Procure uma corretora que permita transferência direta do seu banco assim você não incorre em taxas de DOC ou TED. Uma vez escolhida a corretora, vá ao seu banco ou acesse sua conta pela internet e programe transferências mensais para sua corretora no valor que não lhe aperte. Fazendo isso o investimento torna-se uma rotina na sua vida.
Uma vez com o dinheiro na corretora você poderá escolher o melhor título para adquirir baseado no valor que tem disponível e no atual momento econômico (veja como fazer isso).
Conclusão
Neste artigo vimos que :
- Ainda que na maioria dos casos é mais vantajoso quitar dívidas, essa vantagem pode não ser tão significativa a depender do tipo de empréstimo e da taxa de juros. Devemos fazer as contas sempre!
- Os empréstimos e financiamentos são geridos pelo pagamento obrigatório do “aluguel” (juros) ao fim de um período (tipicamente um mês) e o que muda de um tipo de empréstimo para o outro é a maneira que você “devolve” o dinheiro (amortização);
- Uma forma simples de desenvolver o hábito de investir.
Um forte abraço!
Christian
Reginaldo diz
Caro Christian, excelente artigo. Gostaria de comentar que há mais uma consideração, no meu entendimento. Pode ser muito difícil o simples ato de poupar. Assim mexer com a poupança para atender uma necessidade eventual de dinheiro pode ser um caminho sem volta, ou seja, não iremos repor essa poupança. Assim, no meu caso, essas necessidades eventuais (tipicamente um uso de cheque especial por poucos dias) não me farão tirar dinheiro da poupança, mesmo considerando a diferença de juros. É uma questão psicológica e não financeira.
Abs
Reginaldo
Bizz Invest diz
Obrigado Reginaldo!
Ótimas colocações! Mexer nas suas reservas só em último caso quando a perda financeira for realmente muito alta ou não realmente houver outra opção.
Um abraço!
Christian